segunda-feira, 28 de junho de 2010

Pecados Públicos


A socialização da notícia é um fato novo

Não reclamo. Apenas constato. Tem ficado cada vez mais difícil a gente se reconciliar com os erros cometidos. O motivo é simples. A vida privada acabou. O acontecimento particular passa a pertencer a todos. A internet é um recurso para que isso aconteça. Os poucos minutos noticiados não cairão no esquecimento. Há um modo de fazê-los perdurar. Quem não viu poderá ver. Repetidas vezes. É só procurar o caminho, digitar uma palavra para a busca.
Tudo tem sido assim. A socialização da notícia é um fato novo, interessantíssimo. Possibilita a informação aos que não estavam diante da TV no momento em que foi exibida.
A internet nos oferece uma porta que nos devolve ao passado. Fico fascinado com a possibilidade de rever as aberturas dos programas do meu tempo de infância. As imagens que permaneciam vivas no inconsciente reencontram a realidade das cores, movimentos e dos sons.
Mas o que fazer quando a imagem disponível refere-se ao momento trágico da vida de uma pessoa? Indigência exposta, ferida que foi cavada pelos dedos pontiagudos da fragilidade humana? Ainda é cedo para dizer. Este novo tempo ainda balbucia suas primeiras palavras. O certo é que a imagem eterniza o erro, o deslize. Ficará para posteridade. Estará resguardada, assim como o museu resguarda documentos que nos recordam a história do mundo.
Coisas da contemporaneidade. Os recursos tecnológicos nos permitem eternizar belezas e feiuras. Uma fala sobre o erro. Eles nascem de nossa condição humana. Somos falíveis. É estatuto que não podemos negar. Somos insuficientes, como tão bem sugeriu o filósofo francês Blaise Pascal. O bem que conhecemos nem sempre atinge nossas ações. Todo o mundo erra. Uns mais, outros menos. Admitir os erros é questão de maturidade. Esperamos que todos o façam. É nobre assumir a verdade, esclarecer os fatos. Mais que isso. É necessário assumir as consequências jurídicas e morais dos erros cometidos. Não se trata de sugerir acobertamento nem de solicitar que afrouxem as regras. Quero apenas refletir sobre uma das inadequações que a vida moderna estabeleceu para a condição humana.
Tenho aprendido que o direito de colocar uma pedra sobre o erro faz parte de toda experiência de reconciliação pessoal. Virar a página, recomeçar, esquecer o peso do deslize é fundamental para que a pessoa possa ser capaz de reassumir a vida depois da queda. É como ajeitar uma peça que ficou sem encaixe. O prosseguimento requer adequação dos desajustes. E isso requer esquecer. Depois de pagar pelo erro cometido a pessoa deveria ter o direito de perder o peso da culpa. O arrependimento edifica, mas a culpa destrói.
Mas como perder o malefício do erro se a imagem perpetua no tempo o que na alma não queremos mais trazer? Nasce o impasse. O homem hoje perdoado ainda permanecerá aprisionado à imagem. A vida virtual não liberta a real, mas a coloca na perspectiva de um julgamento eterno. A morbidez do momento não se esvai da imagem. Será recordada toda vez que alguém se sentir no direito de retirar a pedra da sepultura. E assim o passado não passa, mas permanece digitalizado, pronto para reacender a dor moral que a imagem recorda. Estamos na era dos pecados públicos. Acusadores e defensores se digladiam nos inúmeros territórios da vida virtual. Ambos a acenderem o fogo que indica o lugar onde a vítima padece. A alguns o anonimato os encoraja. Gritam suas denúncias como se estivessem protegidos por uma blindagem moral. Como se também não cometessem erros. Como se estivessem em estado de absoluta coerência. No conforto de suas histórias preservadas, empunham as pedras para atacar os eleitos do momento.
O fato é que o pecador público exerce o papel de vítima expiatória social. Nele todas as iras são depositadas porque nele todas as misérias são reconhecidas. No pecado do outro nós também queremos purgar o pecado que está em nós. Em formatos diferentes, mas está. Crimes menores, maiores; não sei. Mas crimes. Deslizes diários que nos recordam que somos território da indigência. O pecador exposto na vitrine deixa de ser organismo. Em sua dignidade negada ele se transforma em mecanismo de purificação coletiva. É preciso cautela. Nossos gritos de indignação nem sempre são sinceros. Podem estar a serviço de nossos medos. Ao gritar a defesa ou a condenação podemos criar a doce e temporária sensação de que o erro é uma realidade que não nos pertence. Assumimos o direito de nos excluir da classe dos miseráveis, porque enquanto o pecador permanecer exposto em sua miséria, nós nos sentiremos protegidos. Mas essa proteção que não protege é a mãe da hipocrisia. Dela não podemos esperar crescimento humano, tampouco o florescimento da misericórdia. Uma coisa é certa. Quando a misericórdia deixa de fazer parte da vida humana, tudo fica mais difícil. É a partir dela que podemos reencontrar o caminho. O erro humano só pode ser superado quando aquele que erra encontra um espaço misericordioso que o ajude a reorientar a conduta.
Nisso somos todos iguais. Acusadores e defensores. Ou há alguém entre nós que nunca tenha necessitado de ser olhado com misericórida?

A importância da disciplina


As pessoas mais produtivas são aquelas que se organizam

O Papa João Paulo II disse – na Carta às Famílias, escrita em 1994 –, que “o ato de educar o filho é o prolongamento do ato de gerar”. O ser humano só pode atingir a sua plenitude, segundo a vontade de Deus, se for educado; e essa missão é, sobretudo, dos pais. É um direito e uma obrigação deles ao mesmo tempo. É pela educação que a criança aprende a disciplina, por isso os genitores não podem se descuidar dela, deixando-a abandonada a si mesma. Se isso ocorrer, essa criança será como um terreno baldio onde só nasce mato, sujeira, lixo e bichos venenosos. Sem disciplina não se consegue fazer nada de bom nesta vida.
Muitas pessoas não conseguem vencer os problemas e vícios pessoais porque não são disciplinadas. Muitas não conseguem ser perseverantes em seus bons propósitos porque lhes falta essa virtude [disciplina]. Para vencer um vício ou para dominar um mau hábito é preciso disciplina. É por ela que aprendemos a nos dominar. Vale mais um homem que se domina do que o que conquista uma cidade, diz a Bíblia. A disciplina depende evidentemente da força de vontade; e esta é fortalecida pela graça de Deus. São Paulo diz que é Deus “ que opera em nós o querer e o fazer” (cf. Fil 2,13). As grandes organizações, fortes e duradouras, como, por exemplo, a Igreja, apoiam-se em uma rígida disciplina. É isso que lhes dá condições de superar os modismos e as ameaças de enfraquecimento. Também as grandes empresas fazem o mesmo.
Em primeiro lugar, é preciso organizar a sua vida. Defina e marque, com clareza, todas as suas atividades; sejam elas profissionais, religiosas ou de lazer. Deve haver um tempo definido para cada coisa; o improviso é a grande causa da perda de tempo e de insucesso. As pessoas mais produtivas são aquelas que se organizam. Essas fazem muitas coisas em pouco tempo. Não deixam para depois o que deve ser feito agora.
Não adianta você ter muitos livros se eles não estiverem arrumados por assunto, assim você não vai encontrar um livro que desejar. Não adianta você ter muitos artigos guardados se eles não estiverem classificados e indexados. No meio da bagunça não se pode achar nada, e perde-se muito tempo. Então, aprenda a arquivar tudo com capricho. O povo diz que um homem prevenido vale por dois. Então, seja prudente, cauteloso, previdente. Se você sabe que a sua memória falha, então carregue com você uma caneta e papel, e anote tudo o que deve fazer durante do seu dia, ou sua ida à cidade.
Muitos fracassam em seus projetos porque não sabem fazer um bom planejamento, com critérios, organização e método, porque não são disciplinados. A pressa atropela o planejamento, por falta de disciplina; é um perigo. Sem disciplina não se consegue fazer um bom planejamento. Muitas obras são construídas repletas de defeitos, e custam mais, porque faltou planejamento, disciplina e ordem. Lembre-se: é muito mais fácil, rápido e barato, fazer uma obra planejada, do que fazer tudo às pressas e depois ter que ficar remendando os erros cometidos.
Foi muito feliz quem escreveu em nossa bandeira: “Ordem e Progresso”. Disciplina significa você fazer tudo com ordem, critério, método e organização. Então, disciplina é uma virtude que se adquire desde a infância, em casa com os pais, na escola, na Igreja, no trabalho…
Sem disciplina gastamos muito mais tempo para fazer as coisas e pode-se ficar frustrado de ver o tempo passar sem acabar o que se pretendia fazer. Por isso, é preciso aprender a organizar a vida, o armário e a casa, arrumar a mesa de trabalho, a agenda de compromissos, etc. A disciplina se adquire com o hábito. Habitue-se a fazer tudo com planejamento, ordem, capricho, etapa por etapa, sem atropelos. Deus nos dá o tempo certo e suficiente para fazer o que precisamos fazer.
São Paulo disse aos coríntios que “os atletas se impõem todo tipo de disciplina. Eles assim procedem, para conseguir uma coroa corruptível. Nós o fazemos por um coroa incorruptível”(1Cor 9,25).
Nenhum atleta vence uma competição sem muita disciplina, treinos, regimes, horários rígidos, etc. Ora, na vida espiritual, pela qual desejamos ganhar a “coroa incorruptível”, a disciplina é mais necessária ainda. Ninguém cresce na vida espiritual sem disciplina: horário para rezar, meditar, trabalhar, etc. Estabeleça para você uma rotina de exercícios espirituais diários, e cumpra isto rigorosamente. Assim Deus vai lentamente ocupando o centro de sua vida, como deve ser com cada cristão. Sem isto você será um cristão inconstante e tíbio.
É preciso insistir e persistir no objetivo definido. Não recue e não abandone aquilo que decidiu fazer. Para isto, pense bem e planeje bem o que vai fazer; não faça nada de maneira afoita, atropelada, movido pelo sentimentalismo ou apenas pela emoção. Não. Só comece uma atividade, física ou espiritual, se tiver antes pensado bem e estiver convencido de que precisa e quer de fato realizá-la. Peça a graça de Deus antes de iniciar a atividade; e prometa a você mesmo não recuar e não desanimar. Cada vez que você começa uma atividade de maneira intempestiva, e logo desiste dela, enfraquece a sua vontade e deixa a indisciplina ganhar espaço em sua vida.
Sem disciplina não se pode chegar à santidade. São Paulo chegou a dizer: “Castigo o meu corpo e o mantenho em servidão, de medo de vir eu mesmo a ser excluído depois de eu ter pregado aos outros” (I Cor 9,27).

terça-feira, 22 de junho de 2010

A importância da familia


O amor está sendo retirado do coração dos homens


O relato de São João sobre as Bodas de Caná (cap. 2,1-11) mostra claramente como Jesus valoriza a família. Foi o Seu primeiro milagre, abençoando com Sua presença os noivos, que pretendiam iniciar uma nova família. Ele quis iniciar o anúncio do Reino em um casamento, mostrando que a família é importante para Ele. A família é a base, o esteio, o sustento de uma sociedade mais justa. Ao longo da história da humanidade, assistimos à destruição de nações grandiosas por causa da dissolução dos costumes, a qual foi motivada pela desvalorização da família.
No nosso mundo de hoje, depois que ficou liberado o divórcio indiscriminadamente, a família ficou ameaçada em sua estrutura e é por isso que vemos, através dos meios de comunicação e até na comunidade em que vivemos, cenas terríveis. Filhos drogados matam ou mandam matar os pais, pais matam filhos por motivos fúteis, mães se desfazem de seus bebês, quando não cometem o crime hediondo do aborto quando a criança não tem como se defender. Há problemas seriíssimos. Quando os pais se separam alguma coisa se parte no íntimo dos filhos. Eles não sabem se é melhor ficar com o pai ou com a mãe. No fundo, eles gostariam de ficar com os dois. Em paz e harmonia, é claro.
O amor está sendo retirado do coração dos homens e das mulheres. E, em consequência disso, a família está perdendo a sua unidade e a sua dignidade. Isso acarreta a dissolução dos costumes. A família decai e a sociedade decai. Precisamos compreender e nos lembrar sempre de que Deus nos deu uma família a fim de que, num âmbito menor, nós pudéssemos aprender a amar todos os nossos semelhantes. O desenvolvimento tecnológico tem seus pontos benéficos. Facilitou a vida das pessoas. Mas facilitou de tal modo que a humanidade ficou mal-acostumada. Só quer o que é fácil. Não se interessa pelo que exige esforço, luta. No entanto, o que conquistamos com esforço tem um sabor muito melhor. Parece que nos esquecemos disso.
Na passagem das Bodas de Caná, Jesus transformou a água em vinho, em bom vinho. Ele poderia ter tirado o vinho do nada, mas Ele quis a participação humana. Por isso, mandou que enchessem as talhas de água. Hoje também o Senhor quer que nós enchamos a "talha de nossa vida", a nossa existência, de "água" que Ele transformará no melhor "vinho".
Que é que isso quer dizer? Quer dizer que precisamos colocar amor em nossa vida, em nossa família, para que Ele transforme esse amor humano em amor divino, o mesmo amor que une as pessoas da Santíssima Trindade e que é tão grande e tão repleto de felicidade, que extravasa, explode e quer ser espalhado entre nós. E é por meio dele que encontraremos a plenitude da felicidade.
Não é fácil cultivar o amor às vezes, é até difícil. Mas o difícil, quando conquistado tem um valor inestimável. Temos prova disso. Em uma competição esportiva, por exemplo, o vencedor fica mais satisfeito quando enfrenta adversários mais difíceis.
Viver em família, viver em união dentro da família não é fácil. Mas fácil não é sinônimo de bom. Talvez seja até o contrário.
A família precisa de amor para ser bem estruturada. A sociedade precisa das famílias para realizar a justiça e a paz porque a sociedade é uma família amplificada. Falta o "vinho" para as nossas famílias. Esse "vinho" é o amor. É preciso que cada membro da família se esforce. Que os pais assumam verdadeiramente o seu papel. Apesar de ser bem árdua a tarefa dos genitores no mundo de hoje, não se pode desanimar. É necessária e urgente a ação paterna. O jovem é, por natureza, rebelde, quer ser independente. Desperta para o mundo e seus problemas e questiona tudo. Mas os pais precisam participar de sua vida, de uma maneira ou de outra, porque, mesmo errando algumas vezes, ainda assim, estes [os pais] têm capacidade de orientar e ajudar os filhos. Não podemos deixar tudo por conta dos companheiros, da escola, da sociedade ou de sua própria solidão.
Os pais devem fazer o acompanhamento dos filhos, procurar saber o que está acontecendo com eles, tentar ajudá-los de várias maneiras: com orientações, com atitudes exemplares, com o diálogo, com orações. Sempre. Tanto em casa, como na escola, na vida religiosa e social, nos namoros, entre outros.
Muitas vezes, os pais se sentem impotentes. Muitas vezes, achamos que já fizemos tudo e que nada conseguimos. Entretanto, esforçando-nos ao máximo, dando o melhor de nós por uma família mais feliz, estaremos enchendo de "água" a nossa "talha". E a Santíssima Virgem Maria já estará falando com o Filho: "Eles não têm vinho". E Jesus virá nos transformar, transformar a nossa "água" em "bom vinho", transformar a nossa dificuldade em vitória.

A verdade sempre irá nos desafiar


Um coração preconceituoso sempre vai rejeitar a verdade

A profecia do amor sempre irá nos desafiar, uma palavra que vai realmente nos incomodar. Por isso, é importante estar de ouvidos atentos. Mas o coração que está preso aos seus limites não consegue perceber a salvação prometida por Deus. O Senhor é aquele que dá sentido a tudo, é ungido por excelência, porque o tempo de graça chegou até nós. Esta salvação não se limita aos critérios pobres e estreitos reservados apenas para aquele tempo e para aquelas pessoas. É necessária a pobreza do coração para assumir a verdade que nos desinstala do nosso egocentrismo. Aquilo que é o principal na minha vida eu sempre irei disponibilizar tempo, porque é justamente esta dedicação que vai determinar aquilo que vou me tornando.
Será que o seu coração se abre para amar de todo coração a Deus e se entregar com caridade?
Um coração que só quer as provas extraordinárias é um coração que não irá crer nunca.
Nós precisamos aprofundar e ampliar a nossa visão da vida porque Jesus nos oferece a oportunidade para isso. Um amor seletivo é sempre pobre, estreito, restrito. Todas as vezes em que nós tomamos a decisão de ficar fechados em nós, negamos os dons do Senhor.
O coração preconceituoso sempre vai ficar revoltado e rejeitar a verdade do amor. Quantas vezes a verdade lhe foi dita e você a rejeitou? Entenda que quando nós rejeitamos o amor não conseguimos ser felizes. E dessa forma, não conseguimos abraçar aquilo que é mais belo e digno de uma pessoa. A reação negativa diante dos fatos verdadeiros não é uma escuta que se contenta; é uma escuta que se revolta porque justamente não quer uma mudança. Jesus sempre vai insistir conosco. Para quem tem ouvidos para ouvir a verdade proclamada, esta profecia acontece.
Qual tem sido a sua reação diante da verdade que lhe é proclamada? Avalie-se. A sua capacidade de amar e de acolher está nula? Como está o seu coração? Faça uma revisão de vida neste dia.
Amar é ir ao encontro. A experiência do verdadeiro amor acontece quando nós damos o passo de fazer o que o samaritano fez. Chegar perto, parar a nossa viagem, derramar o azeite, o vinho, dar de nós mesmos, como o Bom Smaritano. Quem não chega perto vai sempre rejeitar o ferido e amar simplesmente aquele que acha que é são, mas que também tem deficiências. Quem não adora a Deus de todo o coração não consegue amar o próximo como a si mesmo. Ame a Deus de todo o coração!
É preciso ouvir a Palavra de Deus e amá-la de uma forma que eu possa acolhê-la verdadeiramente. O amor sempre vai falar e vai incomodar. Um acolhimento que é interesseiro sempre deseja manipular o Senhor. Lute para não ser este interesseiro dentro da sua casa e com as pessoas com as quais você convive. Porque a todo o momento esta opção egoísta nos é oferecida. É preciso ouvir a Palavra de Deus com amor, assim você sempre contemplará as verdades do seu coração.
Respire este ar puro do seu estado de vida, da sua consagração, da sua vocação... Quando nós perdemos o foco, ficamos endurecidos. Em tudo que você fizer se não houver caridade, não valerá de nada. Só existe sentido de caridade quando realizamos algo em Deus. Se Ele não for o primeiro na sua vida, você não irá saber o que é belo e o que é bom nela. Sem o Altíssimo nem o que é belo saberemos administrar. Nós fomos feitos para seguir o caminho, cujo modelo perfeito é Jesus.
Você não pode tudo, é por isso que a Palavra de Deus nos ensina o que é realidade. Sem caridade você não é nada. Você ama produzindo liberdade? O amor não vive para si mesmo. A caridade só pode guardar em si aquilo que é belo; aquilo que é santo. O perdão nos torna livres. A caridade não guarda rancor. Ela nunca estabelecerá união com as trevas, ela não quer modelar o outro. Está faltando amor verdadeiro em nosso meio. Despertem porque está faltando o essencial, uma vida sem o essencial deixa de ser profecia. Eu só terei condições de enfrentar o mundo lá fora se tiver os elementos da fé para me amparar. Somente o amor pode colocar em ordem e harmonizar o seu interno para que você seja capaz de enfrentar as coisas externas. Você precisa deixar-se amar para amar. Deus conhece você, Ele o escolheu.
É preciso viver a entrega na promessa de Deus, senão vou viver tremendo diante dos combates da vida. É preciso acreditar. Não tema, pois o Senhor está com você. Confie n'Ele! Deus não envia ninguém para a derrota e, sim, para a vitória. Mas a forma como eu parto para a guerra também influencia nessa vitória.

Falar sobre liberdade


Quantos de nós já não tivemos uma imensa vontade de sair voando

Vamos falar sobre liberdade? Parece encantador pensar em ser livre como um pássaro, não é mesmo?
Quantos de nós já não tivemos uma imensa vontade de sair “voando” por aí, vendo-nos livres das responsabilidades, das dificuldades, daquilo que nos aflige, daquela prova que não queremos fazer, daquela decisão que não queremos tomar ou, simplesmente, ser livre para não seguir regras de casa, dos pais, da sociedade.
Mas será que tudo é permitido? Nossa referência é da liberdade enquanto poder, ou seja, daquele desejo de ultrapassar limites e nesse sentido, quanto menos limites, restrições e regras, tanto maior é sensação de liberdade sentida pela pessoa. Porém, isso é uma visão distorcida do verdadeiro ser livre. Esta passagem bíblica nos traz esta recordação: “Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém” (cf. I Cor 6,12).
Não é possível negar uma realidade que sempre impõe regras a serem respeitadas e delas dependem a convivência saudável de uma comunidade. Assumir suas escolhas, analisar as possibilidades e observar os caminhos disponíveis de forma consciente são atos de liberdade; de liberdade responsável, especialmente, quando, de fato, tomamos um posicionamento definido.
O não escolher já é uma escolha. Porém, as escolhas podem ser mais ou menos conscientes. Quando ela não é clara para o homem, quando os motivos não estão explicitados, a escolha transforma-se em condenação – pois de qualquer maneira haverá uma escolha.
Liberdade é própria do homem; quando podemos ser livres nessas escolhas nos colocamos em papel de responsáveis pelos atos e pelas consequências destes. Fugindo e deixando que os outros pensem por nós, decidam por nós, ou ainda que atribuamos a responsabilidade para o outro, isso também é um ato livre, mas, talvez, não o mais consciente.
Ser livre é assumir responsabilidade por cada momento de seu viver, cuidando de suas escolhas da maneira mais autêntica possível, encarando os desafios e a angústia de estar lançado em um mundo que não oferece nenhum tipo de garantia de sucesso ou felicidade. Essas conquistas irão depender da maneira como cada um constrói seu caminho para a realização de seus projetos e como cada um de nós assume o projeto de liberdade responsável em nossas vidas, conduzindo nossa existência, porque ”Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém”.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Namorar é muito bom


O namoro é uma grande conquista antes do casamento

Penso que toda pessoa deva ter alguém na vida para partilhar as suas alegrias e tristezas, conversar, brincar, descontrair-se. Algumas escolhem ter muitos amigos e por isso colocam nestas relacões de amizade estas possibilidades de partilha. Mas além dos amigos, outras se sentem atraídas por alguém em especial, que lhes causa certo desejo de estarem juntos, brotando sentimentos e emoções imotivadas quando se encontram, os olhos brilham, o coração bate mais forte: acontece o enamoramento, primeiro sintoma de um amor que pode amadurecer até um casamento feliz. Isso leva tempo e é preciso explorar bem todas essas emoções, cruzar isso com a razão, polvilhar com muito diálogo e uma partilha aberta e irrestrita de vida. A isso tudo podemos chamar de namoro, uma fase a vida de quem é chamado a viver com alguém, que começa e nunca termina, pois ao terminar o namoro, acabou o amor.
Muitos casamentos entram em crises profundas pela falta de namoro. Pensam que depois que estão casados, portanto, morando juntos, isso ficou para trás. Mas é exatamente o contrário, a fase mais extraordinária do namoro é o casamento. O matrimônio proporciona a melhor hora de namorar e namorar muito se os cônjuges buscam ocasiões para estarem juntos e apreciarem a presença um do outro, passear e conversar muito, fazer planos para o futuro e para os filhos, descontrair, beijar e amar-se profundamente.
Essa é uma leitura amadurecida de um relacionamento que não deixou as dificuldades próprias da vida colocarem sombras sobre toda luz que emana de duas pessoas que se amam, que cultivaram este amor e que querem crescer juntas e terem uma vida cheia de sentido e prazer. O prazer, sobretudo o sexual, é uma graça própria do sacramento do matrimônio, fonte de alegria, como diz a Encíclica Casti Connubbi, do Papa Pio XI, a qual citei em outro artigo sobre castidade conjugal (você pode ler neste Blog).
O namoro é uma grande conquista antes do casamento e depois do casamento. Podemos até fazer comparação com o amor de Deus, que é um amor apaixonado. Estamos chegando no Dia dos Namorados e eu quero convocar os casados a reconquistarem as suas esposas ou seus maridos, convidando-os a retomarem urgentemente o namoro. Namorar é tão bom que eleva a alma a Deus, produz efeitos positivos na saúde física e psíquica da pessoa. O amor começa no namoro e tende a acabar quando o namoro para. É tempo de retomada, caprichem!
Se você não é casado ainda, e não tem namorado(a), busque a pessoa certa, o que não quer dizer perfeita, e não tenha medo de namorar, deixando o sexo para depois do casamento. A pessoa é construída pelo amor que lhe damos, se ela for receptiva. O amor nasce de encontros, de olhares, perca o medo e deixe-se levar pelas emoções, invista e insista nos sentimentos.

Os desentendimentos no namoro


O ciúme exagerado é um problema que aflige alguns namorados

Há muitos motivos para desentendimentos nos namoros; muitas vezes, uma pequena atitude de um dos dois pode gerar uma briga entre eles. Uma palavra inconveniente dita na hora errada, um atraso sem explicação e outras coisas também podem gerar esse mal-estar. Mas sempre será possível reconquistar a paz e o bom relacionamento se houver maturidade e boa vontade por parte de ambos; se houver amor verdadeiro. Esse tipo de desentendimento acontece na vida dos namorados e faz parte do conhecimento recíproco que um deve ter do outro. Nessa hora é preciso haver compreensão, reconhecimento do erro quando for o caso, pedido de perdão e reconciliação; não é motivo para se terminar um namoro. Sabemos que nas crises nós podemos crescer quando sabemos examiná-las e aprender com nossos erros.
O ciúme exagerado é um problema que aflige alguns namorados; até certo ponto ele é natural e mostra que amamos alguém e queremos nos precaver de perder a pessoa amada. O que não podemos é cometer exageros por insegurança. O ciúme exagerado é falta de amor e confiança em si mesmo e no outro. Não existe amor se a confiança não for exercitada. Se você desconfia que seu (sua) namorado(a) está sendo infiel, então, objetivamente converse, apure os fatos e tome uma decisão, mas não deixe a sua cabeça se transformar em um pandemônio. Se você receber alguma informação de deslealdade, peça provas mínimas.
Há casais de namorados que terminam o namoro a fim de se darem um tempo para pensarem; isso não é mau, pode ser salutar; a distancia ajuda a analisar os fatos de modo melhor. Muitas vezes, na vida a gente age de maneira intempestiva, impulsiva, sem pensar e analisar os fatos direito e acaba fazendo bobagens das quais depois se arrepende. Uma separação temporária pode ser uma oportunidade para pensar e analisar bem a situação antes de tomar uma decisão. Se houver uma separação, não force o outro a voltar; a volta deve ser espontânea para ser duradoura. Se ambos se amam, é claro que há possibilidade de volta; vale a pena conversar e descobrir o porquê de tantas brigas. Qual é o motivo da separação? A razão que está por trás delas [brigas] é algo fundamental, essencial para a vida atual e futura de vocês; ou se trata de coisas pequenas, quinquilharias? É preciso ser maduro, ter grandeza de alma, não ser egoísta e egocêntrico. Sem isso, nenhum relacionamento humano é bom. E não podemos querer mandar na vida dos outros ou forçá-los a um relacionamento que já não aceitam. Nem Deus tira a nossa liberdade de escolha. Pode-se fazer de tudo para conquistar a pessoa amada, mas não se pode tirar-lhe a liberdade. Amor sem liberdade torna-se escravidão.

Namoro: tempo de conhecer e reconhecer o outro


Um estímulo direto para o autoconhecimento

Tempo de namoro: tempo gostoso de conhecer a pessoa por quem, num primeiro momento, o que por vezes falou mais alto foi a paixão, mas que, logo depois, deu espaço para uma vivência madura que supera o clamor quente e desmedido, que nem sempre corresponde a expectativas interiores de cada um dos enamorados.
O convite de hoje é pensar sobre seu relacionamento de namoro: muitas pessoas o acham desnecessário, outras falam apenas no ficar, outras querem mesmo a saciedade das sensações físicas e aí mora o perigo. Quando satisfazemos apenas o físico, nosso emocional continua "carente". Amor vai além. E é aí que entra o tempo de namoro; tempo para conhecer, não apenas o "lado feliz, lindo e amável" do outro, mas também aquelas características que nem sempre aprovamos; aquele temperamento difícil de aceitar e, muitas vezes, bem diferente da outra pessoa (e daí, vêm as divergências, a nossa falta de paciência e o fim de um relacionamento).
O tempo de namoro é um período de promessa; promessa de um amor que amadurece com o tempo e não da noite para o dia. Fazer com que as coisas aconteçam antes do tempo é como querer superar o tempo do agora com o dia de amanhã, que ainda não chegou.
Mas, o que fazer agora? Agora é tempo do conhecer, do compreender quem eu sou, como reajo diante das expectativas, como eu me relaciono com as diferenças individuais e, nisso tudo, como eu posso trabalhar para superar a condição presente, agindo com respeito e tolerância e sabendo até onde eu desejo conviver com o outro, estendendo este namoro para um noivado e o compromisso do casamento. O casal favorece um namoro saudável quando permite um olhar diferente para ambos; quais são nossos gostos em comum, nossas diferenças, nossos pensamentos sobre assuntos divergentes, aonde queremos chegar com este namoro. Você pode estar pensando: “Mas, então, sou obrigado a casar com a pessoa com a qual namoro?”. Não, você não é obrigado a nada; mas, entender e viver com seriedade esta fase é importante, mesmo que no final você nem chegue a se casar com ela, mas que entenda que as diferenças são tantas e o jeito de um e de outro são tão diferentes a ponto de este relacionamento não ser adequado para seguir em frente.
As transformações da sociedade têm feito com que muitos valores, antes cultivados, hoje, sejam por muitas pessoas esquecidos. Tratamos as coisas de forma impessoal, individual e com isso, sem uma reciprocidade, um cuidado nas relações humanas de forma geral. Daí importante perceber que quanto mais exemplos de família desestruturada temos, tanto maior a tendência de namoros que sejam pouco adequados ou de muito sofrimento.
Acredito numa verdade que diz que o namoro compreende um estímulo direto para o autoconhecimento; é nesse tempo que tudo aquilo que eu acredito como verdade é colocado em xeque com a verdade do outro: meus sentimentos, carências, dependências, crises, alegrias, decepções. Aí entra a força da superação até mesmo dos traumas e dores por uma história de vida mal compreendida. Por isso, não se deve iniciar um namoro apenas porque não se deseja ficar sozinho, sem namorado (a). Milhares de casamentos infelizes começam dessa forma, achando “depois que casar melhora” ou “o tempo faz com que se acerte tudo”. De fato, conhecer leva tempo e viver debaixo do mesmo teto faz toda a diferença. Por isso, afirmo que é muito bom olhar para o namoro com maturidade, tendo conhecimento de si, aceitando o outro, vivendo a dois a experiência do amor que constrói, amadurece, faz e refaz em sua vida. Um relacionamento maduro se faz no dia a dia e se torna maduro à medida que passamos pelas situações positivas ou negativas surgem no relacionamento e nos colocam, como casal, como um par que deve decidir a partir dos objetivos e desejos de ambos.

sábado, 5 de junho de 2010

Os milagres eucarísticos


Mais de 130 destes ocorreram; metade na Itália

 
A revista “Jesus”, das Edições Paulinas de Roma, publicou uma matéria do escritor Antonio Gentili, em abril de 1983, pp. 64-67, na qual ele apresenta uma resenha de milagres eucarísticos. Há tempos, foi traçado um "Mapa Eucarístico", que registra o local e a data de mais de 130 milagres, metade dos quais ocorridos na Itália. São muitíssimos esses fenômenos extraordinários no mundo todo. Por exemplo, Marthe Robin, uma francesa, milagre eucarístico vivo, alimentou-se durante mais de quarenta anos apenas de Eucaristia. Teresa Neumann, na Alemanha, durante mais de 36 anos, também se alimentou somente do Corpo de Cristo.
1 - Lanciano - Itália – no ano 700
Em Lanciano – séc. VIII. Um monge da ordem de São Basílio estava celebrando na igreja dos santos Degonciano e Domiciano. Terminada a consagração, que ele realizara, a hóstia transformou-se em carne e o vinho, em sangue, depositados dentro do cálice. O exame das relíquias, segundo critérios rigorosamente científicos, ocorrido pela última vez em 1970, levou aos seguintes resultados muito significativos:
1) A hóstia, que se transformou em carne humana, segundo a tradição, é realmente constituída por fibras musculares estriadas, pertencentes ao miocárdio. Acrescente-se que a massa sutil de carne humana, que foi retirada dos bordos, deixando amplo vazio no centro, é totalmente homogênea. Em outras palavras: não apresenta lesões, como as apresentaria se se tratasse de um pedaço de carne cortada com uma lâmina.
2) Quanto ao sangue, trata-se de genuíno sangue humano. Mais: o grupo sanguíneo "A", ao qual pertencem os vestígios de sangue, o sangue contido na carne e o sangue do cálice revelam tratar-se sempre do mesmo sangue grupo "AB" (sangue comum aos judeus). Este é também o grupo sanguíneo que o professor Pierluigi Baima Bollone, da Universidade de Turim, identificou na Sagrada Mortalha (Santo Sudário).
3) Apesar de sua antiguidade, a carne e o sangue se apresentam com uma estrutura de base intacta e sem sinais de alterações substanciais; este fenômeno se dá sem que tenham sido utilizadas substâncias ou outros fatores aptos a conservar a matéria humana, mas, ao contrário, ele ocorre apesar da ação dos mais variados agentes físicos, atmosféricos, ambientais e biológicos. A linguagem das relíquias de Lanciano é clara e fascinante: verdadeira carne e verdadeiro sangue humano, na sua inalterada composição que desafia os tempos; trata-se mesmo da carne do coração, daquele coração do qual, conforme a fé cristã, jorrou o Sangue, que dá a vida.
2 - Orvieto - Bolsena - Itália – 1263
Início da Festa de Corpus Christi
A festa do Corpo e Sangue de Cristo remonta ao ano de 1208, quando uma monja, Santa Juliana de Mont-Cornillon (†1258), foi inspirada por Deus a constituí-la e a divulgá-la. O próprio Jesus tinha pedido a santa francesa a introdução da festa de “Corpus Domini” no calendário litúrgico da Igreja. Aconteceu que o padre Pedro de Praga, da Boêmia, ao celebrar uma Santa Missa na cripta de Santa Cristina, em Bolsena, foi surpreendido pelo milagre durante a consagração: da hóstia consagrada caíram gotas de Sangue sobre o corporal. Até hoje ele [Sangue milagroso] está em exposição na belíssima Catedral de Orvieto. O Papa Urbano IV (1262-1264) residia em Orvieto e ordenou ao Bispo Giacomo levar as relíquias de Bolsena à cidade onde habitava. O Sumo Pontífice, então, emitiu a Bula "Transiturus de mundo", em 11/08/1264, na qual prescreveu que, na quinta-feria após a oitava de Pentecostes, fosse celebrada a festa em honra do Corpo do Senhor [Corpus Christi]. São Tomás de Aquino foi encarregado pelo Santo Padre para compor o Ofício da celebração. Em 1290 foi construída a Catedral de Orvieto, chamada de “Lírio das Catedrais”.
3 - Ferrara - 28/03/1171
Aconteceu este milagre na Basílica de Santa Maria in Vado, no século XII. Propagava-se, com perigo à fé católica, a heresia de Berengário de Tours (†1088), que negava a presença real de Cristo na Eucaristia. Aos 28 de março de 1171, padre Pedro de Verona e mais três sacerdotes concelebravam a Santa Missa de Páscoa. No momento de partir o Pão Consagrado, a Hóstia se transformou em Carne, da qual saiu um fluxo de Sangue que atingiu a parte superior do altar, cujas marcas são visíveis ainda hoje. Há documentos que narram o fato: um "Breve" do Cardeal Migliatori (1404). - Bula de Eugênio IV (1442), cujo original foi encontrado em Roma em 1975. Mas, a descoberta mais importante deu-se em Londres, em 1981, foi encontrado um documento de 1197 narrando o fato.
4 - Offida - Itália – 1273
Ricciarella Stasio - devota imprudente, realizava práticas supersticiosas com a Eucaristia; em uma dessas profanações, a Hóstia se transformou em Carne e Sangue. Estes foram entregues ao padre Giacomo Diattollevi e são conservadas até hoje. Há muitos testemunhos históricos sobre esse fenômeno extraordinário.
5 - Sena – Cáscia - Itália – 1330
Hoje este milagre é celebrado em Cássia, terra de Santa Rita de Cássia. Em 1330, um sacerdote foi levar o viático a um enfermo e colocou indevidamente, de maneira apressada e irreverente, uma Hóstia Consagrada dentro do seu breviário para levá-la a um doente em estado grave. No momento da Comunhão, abriu o livro e viu que a Hóstia se liquefez e, quase reduzida a Sangue, molhou as páginas do livro. Então o religioso negligente apressou-se a entregar o livro e a Hóstia a um frade agostiniano de Sena, o qual levou para Perúgia a página manchada de Sangue e para Cássia a outra página onde a Hóstia ficara presa. A primeira página perdeu-se em 1866, mas a relíquia chamada de “Corpus Domini” é atualmente venerada na basílica de Santa Rita. 6 - Turim - Itália – 1453
Na Alta Itália ocorria uma uma guerra furiosa pelo ducado de Milão. Os piemonteses saquearam a cidade; ao chegarem à igreja, forçaram o tabernáculo. Tiraram o ostensório de prata, no qual se guardava o Corpo de Cristo, ocultando-no dentro de uma carruagem, juntamente com os outros objetos roubados, e dirigiram-se para Turim. Crônicas antigas relatam que, na altura da igreja de São Silvestre, o cavalo parou bruscamente a carruagem – o que ocasionou a queda, por terra, do ostensório – este se levantou nos ares "com grande esplendor e com raios que pareciam os do sol". Os espectadores chamaram o Bispo da cidade na época, Ludovico Romagnano, que foi prontamente ao local do prodígio. Quando chegou, "O ostensório caiu por terra, ficando o Corpo de Cristo nos ares a emitir raios refulgentes". O Bispo, diante dos fatos, pediu que lhe levassem um cálice. Dentro deste desceu a Hóstia, que foi levada para a catedral com grande solenidade. Era o dia 9 de junho de 1453. Existem testemunhos contemporâneos do acontecimento ("Atti Capitolari" de 1454 a 1456). A igreja de "Corpus Domini" (1609) até hoje atesta o fato milagroso.
7 - Sena - Itália – 1730
Na Basília de São Francisco, em Sena, pátria de Santa Catarina de Sena, durante a noite de 14 para 15 de março de 1730, foram jogadas no chão 223 Hóstias Consagradas por ladrões que roubaram o cibório de prata onde elas estavam. Dois dias depois, as Hóstias foram achadas em caixa de esmolas misturas com dinheiro. Elas foram higienizadas e guardadas na Basílica de São Francisco; ninguém as consumiu; e logo o milagre aconteceu visto que com o passar do tempo elas não estragaram, o que é um grande milagre. A partir de 1914 foram feitos exames químicos que comprovaram pão em perfeito estado de conservação.
8 - Milagre Eucarístico de Santarém – Portugal (1247)
Aconteceu no dia 16 de fevereiro de 1247, em Santarém, a 65 km ao norte de Lisboa. Euvira, casada com Pero Moniz, sofrendo com a infidelidade do marido, decidiu consultar uma bruxa judia que morava perto da igreja da Graça. Esta prometeu-lhe resolver o problema se como pagamento recebesse uma Hóstia Consagrada. Para obtê-ta, a mulher fingiu-se de doente e enganou o padre da igreja de S. Estevão, que lhe deu a sagrada Comunhão num dia de semana. Ela recebeu a Hóstia, colocou-a nas dobras do seu véu. De imediato esta [Hóstia] começou a sangrar. Assustada, a mulher correu para casa na Rua das Esteiras, perto da igreja e escondeu o véu e a Hóstia numa arca de cedro onde guardava os linhos lavados. À noite o casal foi acordado com uma visão espetacular de anjos em adoração à sagrada Hóstia sangrando. O casal, arrependido e convertido, de madrugada, chamou o pároco e, acompanhados de inúmeros clérigos e leigos, levaram a Hóstia de volta para a igreja de S. Estevão, onde continuou a sangrar durante três dias. Enfim, a sagrada Comunhão foi depositada em um relicário, feito de cera de abelhas derretida, onde permaneceu num cálice até 1340, quando se afirma ter havido um outro milagre – foi descoberto que ficou encerrada numa âmbula de cristal. As manchas cristalizadas de Sangue se solidificaram na cera e constituíram-se nas Relíquias do Preciosíssimo Sangue, como se pode ver ainda hoje, intactas. Próximo da Igreja está a Ermida (casa do casal).
Várias investigações eclesiásticas foram feitas durante 750 anos. As realizadas em 1340 e 1612 provaram a sua autenticidade. Em 5 de abril de 1997, por decreto de D. Antonio Francisco Marques, Bispo de Santarém, a igreja de S. Estevão, onde está a relíquia, foi elevada a Santuário Eucarístico do Santíssimo Sangue.

O casamento se inicia no namoro estruturado


Deus estruturou a humanidade na família

O que Deus quer do casamento, da família?
Quando o Deus Pai quis que a humanidade existisse, Ele estruturou tudo na família, com o casal. O Senhor fez o homem, mas viu que seu coração estava vazio e disse a Adão: “Eu vou te dar uma companheira adequada” (Gên 2, 18c). Quando Ele fez a mulher da mesma natureza do homem, é uma linguagem poética para dizer que a mulher foi feita na mesma dignidade do homem, mas diferente para que os dois se completassem. Quando Deus levou Eva para Adão, este ficou emocionado e disse: “Ela vai se chamar mulher” (id. 2, 23c).
O Altíssimo disse a coisa mais importante sobre isso: “Por isso o homem deixa seu pai e sua mãe e se une a sua mulher e serão uma só carne” (id. 2, 24). Isso é o desígnio de Deus, que o homem se case com uma mulher e forme uma só carne, uma só pessoa humana.
Pela unidade do amor de Deus, no altar, vocês serão uma só pessoa; isso é mais ou menos aquilo que acontece na Santíssima Trindade, Três Pessoas, mas uma unidade. Se o casamento não for uma unidade, ele não estará de acordo com a vontade de Deus, e o casal não poderá ser feliz. Se o casal não for uma unidade, não estará vivendo conforme a vontade divina; e isso começa no namoro. É no namoro que a família começa, todos nós nos casamos porque namoramos.
O namoro é o alicerce, o fundamento, se você fizer desse período apenas uma curtição, você estará fazendo da sua família futura uma brincadeira e você sofrerá mais tarde. Leve o namoro a sério, não brinque com a pessoa do outro.
Namoro não é tempo de conhecer o corpo do outro, mas alma do outro. Não empurre seu namoro com a “barriga”, se você vê que só existe briga, tenha coragem de terminar, o amor é algo que se constrói, não cai do céu pronto. A aliança de namoro você pode tirar do dedo, a aliança do casamento, não.
Não deixe a vida sexual sufocar seu namoro, a vida sexual é para os casais casados. São Paulo diz que o corpo da mulher pertence ao marido e o corpo do marido pertence à mulher, porque eles são uma só carne, por isso têm o dever de viver a vida sexual.
Viva seu namoro na castidade, na seriedade e vocês estarão se preparando para ser um casal fiel. O namoro é o começo de tudo, é o ponto de partida.
Quando chegamos ao casamento o que Deus quer? O casamento é uma decisão que exige maturidade, atrás desse "sim" vêm os filhos, que não pediram para vir ao mundo, mas vieram por amor. O filho tem o direito de viver com seus pais, porque ele precisa disso para sua formação moral, intelectual, psicológica, por isso, o casal precisa ser uma só carne e não levar o casamento na brincadeira com mentiras. Se você começar a mentir dará espaço para o demônio entrar no seu matrimônio; não pode haver falsidade entre o casal. Não pode haver divisão entre o casal, não pode existir a primeira pessoa do singular: “eu”, mas sim, a primeira pessoa do plural: “nós”.
Deus quer o casal como café com leite: quando alguém olha vê um só. É possível fazer isso? Sim, com a graça de Deus. Casal que reza junto permanece junto.

Um amor eterno


A capacidade de ver o outro de forma diferente
O amor só pode ser eterno à medida que vivermos a conquista do outro todos os dias. E isso só a partir do momento em que o amor de Deus incendiar a nossa vida. Nós só podemos ser livres quando temos dono, mas um dono que nos administre para o amor e para a liberdade. O meu Dono [Deus] me ama, tem apreço por mim! Não vai me sugerir nada que vá me fazer mal, porque Seu dom é amor. Ele não escraviza ninguém.
Para ter fogo é preciso ter lenha. Deus é o fogo. Nós precisamos ser essa lenha onde o Senhor queime. O Todo-poderoso não faz milagres para mostrar o Seu poder apenas, mas todas as manifestações do Senhor são para conquistar o coração que está ali. Ele assim fez com Moisés. A conquista vem por intermédio de coisas bonitas. Se você vai receber amigos, você oferece o melhor. Busca um jeito de manifestar o amor. É isso que Deus fez com esse profeta.
O "bonito" não se limita a um atrativo estético, interior. É você perceber algo a mais. É descobrir que alguma coisa daquela beleza supera as suas formas. É algo maior que me chama, que fala de mim, como se aquela beleza fosse algo que me faltasse. O amor é essa capacidade de ver o outro de forma diferente. No meio de tanta gente, alguém se torna especial para você e você se aproxima. O amor é essa capacidade de retirar alguém da multidão, tirá-lo do lugar comum para um lugar dedicado, especial. Alguém descobriu uma sacralidade em você.
Amar é você começar a descobrir que, numa multidão, alguém não é multidão. Quando alguém se aproximou de você foi porque você gerou um encanto nessa pessoa. O outro se sentiu melhor quando se aproximou de você. A beleza da totalidade que você tem faz o outro melhor. A primeira coisa que o amor esponsal e conjugal cura são as orfandades que a vida nos colocou.
Não acredito em um casamento que não tem Deus na sua história. Como o seu marido vai reconhecer a sacralidade do seu coração se ele não traz a consciência de todo o sagrado que você é? O amor, quando não é amor, vira competição, disputa. Por isso o amor que é iniciado e mantido em Deus será sempre um amor de promoção do outro.
O casamento é um encantamento pelo outro, o qual vai ganhando sentido quando o vou conhecendo. Assim, todos os dias você precisa se aproximar do outro e descobrir o motivo para continuar o respeito e a alegria de estar diante daquela, que é sua ajuda adequada.
Casamento em que o outro é opressão, não é amor. O amor leva para o alto! Se vocês não se promovem mais significa que vocês estão esquecendo a vocação primeira do matrimônio: o de acender o fogo do amor, da dignidade e da felicidade do outro.

O valor de um abraço

Gestos concretos favorecem o desenvolvimento físico

Sempre e de alguma forma, no reino animal, os filhotes, ao nascerem, são cercados de cuidados, de atenção e proteção. Os gatinhos, cachorrinhos, leõezinhos, entre outros, recebem várias lambidas de suas mães, e estas os aconchegam junto de si aquecendo-os. As aves colocam seus filhotes embaixo de suas asas; outras mães entregam os seus filhos aos cuidados dos pais e partem em busca de alimento para o sustento deles [filhotes]. Conforme esses animais vão se desenvolvendo estes cuidados vão diminuindo, até que os filhotes se tornem capazes de lutar pela própria sobrevivência; no entanto, alguns continuam vivendo junto de seu bando.
Um pouco diferente dos nossos amigos animais, parece-nos que as pessoas necessitam constantemente deste calor humano. Diversas pesquisas revelam que o contato físico, o toque, o olhar e a proteção, transmitidos por gestos concretos, favorecem o desenvolvimento físico, psíquico e espiritual do ser humano.
Spitz, em suas pesquisas com bebês institucionalizados, com ou sem a presença de suas mães, chega à conclusão de que aqueles que não são trazidos ao colo para ser amamentados e que são deixados por longo período sozinhos em seus berços desenvolvem o que ele chama de "marasmo", um estado de letargia, de não expressão e podem até chegar a óbito precoce, sem causa específica.
Winnicott, ao estudar crianças abandonadas, órfãs da Segunda Guerra Mundial, observa que o nível de delinquência e agressividade é altíssimo entre elas. Entretanto, pesquisas atuais revelam que crianças em condições semelhantes às estudadas pelo psicanalista [Winnicott], mas que receberam auxílio por intermédio de pessoas que as acolheram, dispensando-lhes cuidados físicos e emocionais, desenvolveram habilidades sociais, perspectivas de um futuro construtivo e força para enfrentar as adversidades oferecidas pela vida, de forma a se tornarem pessoas mais humanas e altruístas. A pesquisadora americana Tiffany Field demonstra, a partir de suas pesquisas, que o toque, o contato físico, além de aliviar o estresse e a ansiedade, também diminui a criminalidade. A privação do contato físico causa diversos distúrbios emocionais e de sono, abuso de álcool e drogas. A falta de sono leva à irritabilidade, a qual afeta o sistema imunológico e favorece o aparecimento de diversas doenças, entre elas: diarréias, prisão de ventre e infecções respiratórias. A partir desses fatos basta nos perguntarmos: como estou me relacionando com as pessoas, principalmente com as mais próximas? Eu já abracei alguém hoje? Liguei para alguém a fim de saber como ele está? Se não, não perca tempo, abrace, beije, brinque, acaricie, sorria … Você não se arrependerá e viverá mais, feliz e saudável.